segunda-feira, 3 de maio de 2010

O Ministério Público do Paraná e as enchentes

Uma excelente notícia: o promotor de Justiça do Centro de Apoio da Promotoria do Meio Ambiente do Ministério Público Estadual (MP), Dr. Sérgio Luiz Cordoni, exige estudos e ações para se evitar tragédias desnecessárias por efeito das chuvas em Curitiba[i]. Ótimo!

Precisamos do MP mais do que nunca, pois a especulação imobiliária e o efeito de coisas como a “Lei do solo criado” e a ocupação de áreas de risco acrescentam problemas a uma cidade que, infelizmente, cresce demais sobre pneus.

Assim pede mais asfalto, estacionamentos etc. com um sistema de drenagem de águas pluviais antigo e suspeito de fragilidades em algumas regiões de Curitiba. Lembrando também a possibilidade de manutenção inadequada a tudo o que existe, passamos a entender tanta água fora do lugar diante de qualquer chuva mais forte.

Precisamos de auditorias, estudos feitos por profissionais competentes, obras realizadas com rigor técnico e manutenção permanente dos sistemas e instalações existentes.

O que é problema poderá ser uma tremenda oportunidade de recuperação e ampliação das redes de distribuição e coleta de águas.

COPEL, SANEPAR, PMC e outros poderão criar padrões de ampliação da rede de energia e água com troca de tubulações, construção de galerias e áreas de acumulação de água resolvendo, ou melhor, ajustando ao razoável os sistemas de drenagem, a distribuição de energia (subterrânea), telefonia/internet, posteamento (iluminação pública), calçadas, arborização etc. Essa reconstrução corrigiria, inclusive, os problemas de acessibilidade[ii] e mobilidade[iii] de pedestres e ciclistas (a rede cicloviária de Curitiba[iv] está abandonada), que são gravíssimos em Curitiba.

Um trabalho em equipe dessas empresas viabilizaria uma transformação radical da cidade, se feito de modo a se resolver simultaneamente diversos problemas existentes. Um grande programa, se bem feito, certamente terá o apoio do BNDES e do Governo Federal como um todo. Podemos dar um show, pois aqui existem excelentes profissionais e instituições já antigas e outras menos, todas, contudo, monitorando o clima e atendendo o povo do Paraná em diversos tipos de serviços.


Falamos, obviamente, da COPEL[v], SANEPAR[vi], SUDERHSA[vii], LACTEC[viii], SIMEPAR[ix] com recursos extraordinários (pelo menos humanos) e muitas universidades formando profissionais nesse sentido.

Felizmente o Governo Federal já fala em trem de grande velocidade e em construir estádios faustosos para a Copa do Mundo, ou seja, estamos saindo do pesadelo da quebra financeira do Brasil.

Agora é hora de novos planos de urbanização, recuperação de dignidade, humanização do Brasil.

Temos histórias ruins e nossos antropólogos e historiadores, com o apoio de sociólogos, começam a contar onde nossos ancestrais erraram. O livro (Quase - cidadão) tem em seu último capítulo (Partindo a cidade maravilhosa – Brodwyn Fischer) muitas semelhanças com o que vemos na RMC e a coleção (História da Vida Privada no Brasil) é a história de um Brasil, que não soube se modernizar de forma saudável.

Felizmente vivemos em uma época de reanálise desse passado não muito distante, podendo, com obras como (História da Cidadania), repensar nossa forma de ação.

Dependemos ainda de fazer com que nosso time da área econômica valorize mais o desenvolvimento e menos uma lógica monetarista violenta. Precisamos de dinheiro para resolver questões urbanas, que estão se tornando dia a dia mais assustadoras.

Parabéns ao MP do Paraná e em especial ao Dr. Sérgio Luiz Cordoni que declarou ao Paraná Online[x]: "Chegou a hora de dar um basta nisso. Dizer que choveu demais não convence"

Cascaes
2.5.2010
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[i] http://www.joaocarloscascaes.com/2010/05/o-ministerio-publico-do-parana-as.html
[ii] http://direitodaspessoasdeficientes.blogspot.com/
[iii] http://cidadedopedestre.blogspot.com/
[iv] http://cicloviasbrasileiras.blogspot.com/
[v] http://www.copel.com/hpcopel/root/index.jsp
[vi] http://www.sanepar.com.br/
[vii] http://www.suderhsa.pr.gov.br/ 
[viii] http://www.lactec.org.br/pt/?page=instituto
[ix] http://www.simepar.br/
[x] http://www.parana-online.com.br/editoria/cidades/news/444440/?noticia=MP+QUER+ACABAR+COM+AS+ENCHENTES+EM+CURITIBA?reference_id=5ab34d428818596027f042d59f8add80cd655e4f


BIBLIOGRAFIA

Jaime Pinsky, C. B. (2008). História da Cidadania. São Paulo: Editora Contexto.
Novais, F. A. (1997). História da Vida Privada no Brasil. São Paulo: Companhia das Letras.
Olívia Maria Gomes da Cunha, F. d. (2007). Quase - cidadão. Rio de Janeiro: FGV.
Sérgio Buarque de Holanda, P. M. (1978). História Geral da Civilização Brasileira. Rio de Janeiro: DIFEL.

domingo, 2 de maio de 2010

Engenharia e padrões técnicos

Padrões técnicos, EAD e a Engenharia


Não existe Engenharia quando não podemos medir, calcular, ensaiar, definir parâmetros, indicadores, condições limites, enfim, quando não sabemos usar a Matemática e as leis da Natureza para qualquer projeto.
Mais ainda, não existe Engenharia sem a lógica da equação “custo x benefício”. Não chamem um Engenheiro para fazer uma obra sem custos, ele ficará confuso, pois é educado a se impor limites. O profissional desta área precisa ter dentro da cabeça que o preço excessivo de um projeto será um ponto negativo em seu trabalho, assim como a má qualidade do serviço o desabonará.
Aliás, notamos facilmente que empresas, concessionárias, autarquias e até barzinhos desprezam a qualidade, o bom atendimento, a preocupação com o cliente. Muitos sobrevivem graças à forte propaganda, outros por inércia e alguns simplesmente porque não têm competidores, são monopolistas, cartelizados, aplicam a força de suas posições.
Qualidade e custo, contudo, exigem métodos certificados, normas técnicas e o rigor da Justiça para a punição daqueles que erram. Como no Brasil a Justiça anda sobrecarregada com fantasmas[i], mensalões, crimes comuns etc. ainda não chegamos ao ponto de acioná-la de maneira eficaz para o cumprimento de contratos de compra, concessão, regulamentos e especificações de produtos e serviços.
Felizmente aos poucos a mídia vai descobrindo esse filão de reportagens...
Vale pensar, por exemplo, nos passeios, calçadas, nos circuitos de pedestres sob e sobre os quais as prefeituras deixam fazer de tudo e instalam, eventualmente de forma precária, serviços essenciais sob responsabilidade delas.
O tema calçadas merece muitos cuidados[ii], que em pleno século 21 ainda não temos em Curitiba, cidade considerada (perigosamente) modelo de urbanismo[iii]...
Afinal, qual é a resistência ao escorregamento[iv] aceitável nas calçadas, tão bem definido para pisos interiores? Que tipo de ensaio padrão seria feito para medir esse parâmetro? Um detalhe técnico dessa espécie evitaria muitos acidentes.
Mais ainda: que padrões seriam exigidos para a canalização de águas servidas e para as águas pluviais? Os postes estariam onde? Qual seria o padrão mínimo de iluminamento noturno? Como fazer decoração nos passeios? Se partilhando espaços com ciclovias, que segurança adicional seria determinada? Arborização, de que tipo? Como calcular a largura dos passeios em função do fluxo de pessoas (caminhando ou com bicicletas)? Os estacionamentos e entradas de garagens seriam construídos de que jeito? O meio fio, os desníveis, que tolerâncias? Garantem acessibilidade e segurança? Finalmente, deixando de falar de muitos outros aspectos importantes de nossos passeios, é correto deixar as calçadas sob responsabilidade dos proprietários dos imóveis[v]? A responsabilidade pela construção e manutenção não poderia ser das prefeituras[vi]?
Nossa civilização transforma-se rapidamente. Vemos instalações superadas, cidades perigosas, gente sofrendo porque demoramos a corrigir situações de risco, no mínimo anacrônicas.
Não valorizamos o EAD[vii], aceitamos carimbos e números de registro, plantas e papéis que não auditamos, deixamos as coisas acontecerem, afinal temos amigos, convênios, bolsas, empregos que não podemos perder.
EAD? Sim, o profissional século 21 precisa estudar sempre.
Tem tempo para freqüentar universidades (aliás, antiecológicas, quando exigem o deslocamento de milhares de estudantes para salas de aula diariamente)? Com o Ensino via internet, DVDs, “pen drives” e até em microcomputadores dedicados, pré programados, que adquiriria com o curso completo [viii]poderia estudar quando e onde quisesse e pudesse (mais facilmente do que se for obrigado a se deslocar toda noite para admirar algum mestre iluminado).
Normas técnicas, padrões construtivos, manutenção rigorosa, laboratórios especializados, equipes bem formadas, EAD e literatura técnica abundante, de baixo custo e acessível na área de Engenharia[ix], temos isso tudo no Brasil?
Catástrofes[x], acidentes, poluição, agigantamento das cidades, tudo recomenda máximo rigor técnico e atualização de critérios de acordo com padrões de sustentabilidade e urbanidade saudável.
Precisamos de excelentes engenheiros.

Cascaes
2.5.2010

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[i] http://www.joaocarloscascaes.com/2010/05/pagamos-impostos-para-onde-vai-o-nosso.html
[ii] http://cidadedopedestre.blogspot.com/2008/07/ofcio-propondo-estudo-sobre-especificao.html
[iii] http://jcbcascaes.blogspot.com/
[iv] De todos os indicadores talvez o mais importante, algo a ser decidido por aqueles que analisarem alternativas e puderem estabelecer padrões, é a resistência ao escorregamento, que indica a segurança que o usuário possui ao caminhar pela superfície, principalmente em presença de água, óleo ou qualquer outra substância. O teste ao escorregamento é medido pelo coeficiente de atrito e temos valores indicativos da Associação Brasileira da Indústria de Rochas Ornamentais (note-se que esses valores poderão ser redefinidos com mais rigor na limitação para calçadas externas, a critério das autoridades).
[v] http://cidadedopedestre.blogspot.com/2009/12/estatizar-as-calcadas.html
[vi] http://cidadedopedestre.blogspot.com/2010/01/as-calcadas-devem-ter-mesma-solucao.html
[vii] http://eadinteligente.blogspot.com/
[viii] Exames podem ser feitos em laboratórios, hotéis, balneários etc., dependendo do luxo que o candidato ao diploma puder pagar, sem as malditas salas virtuais e cursos provavelmente infinitamente mais acessíveis a pessoas com restrições sensoriais e/ou motoras, os tecnocratas do MEC deixam?
[ix] http://ltde.blogspot.com/
[x] http://mirantedefesacivil.blogspot.com/