segunda-feira, 11 de novembro de 2013

Urbanismo e ciclomobilidade

A sobrevivência da Humanidade e as cidades
Fenômenos climáticos violentíssimos chamam a atenção para possíveis efeitos da Humanidade sobre o clima; a violência na mobilidade urbana assusta; montanhas de lixo e a poluição apavoram; a miséria é um pesadelo; a miopia de nossas autoridades irrita os nossos olhos e ouvidos...
O noticiário diariamente lembra a todos nós que estamos longe da sociedade ideal.
As dificuldades são, entretanto, um estímulo à criatividade e inovações, inclusive abandonando o que até recentemente era a quinta essência do prazer existencial, e voltando a métodos mais antigos de mobilidade urbana para exemplificar e tema de tantos estudos e interesses. Podemos muito, tudo depende da capacidade dos seres humanos; assim como destruir é rotina, talvez reconstruir seja a meta real e necessária a ser assumida com convicção pelas próximas gerações.
Perigosamente, contudo, os lobbies industriais pesam muito. Trilhões de dólares estão em jogo, assim a discussão na mídia comercial geralmente transita em torno de propostas suntuosas típicas desses países mais ricos (inclusive falseando ou errando números e parâmetros importantíssimos), esquecendo coisas mais simples como simplesmente caminhar e usar bicicletas. Para isso o que precisamos é educar e ajustar cidade, ruas, calçadas e até estradas aos pedestres e ciclistas.
Em tempo, caminhar e usar bicicletas são processos que não pagam royalties ou se o fazem é muito pouco nem criam dependências tecnológicas severas.
Felizmente temos exemplos sensacionais que colecionamos em nossas viagens (Cascaes, Lugares Preciosos), com destaque para a Colômbia, um país sul-americano, portanto fora do eixo do chope alemão e do vinho francês. Lá vimos em Bogotá, Zipaquirá e Cartagena de Las Índias (Cascaes, Fotografias em Cartagenas de las Indias, Bogotá e Zipaquira ) cuidados que esquecemos, mas que demonstram o vigor da inteligência humana, sempre que a competência técnica se alia ao poder político para o aprimoramento de decisões gerenciais.
 Urbanismo e serviços essenciais (Cascaes, Serviços Essenciais) são temas que afetam profundamente a vida de todos nós. As cidades são o nosso ambiente de vida social e graças às transformações permanentes e surpreendentes de padrões de usos e consumos contêm desafios imensos; talvez a conclusão mais importante seja a necessidade de um processo de reurbanização [ (Cascaes, Brasil 2050), (Cascaes, Reurbanização Inclusiva)] radical, se os cidadãos e cidadãs quiserem viver em ambientes saudáveis, seguros e prazerosos.
Essa foi uma ponderação feita entre brindes e comemorações com o Arquiteto Antenor Pinheiro, excelente companhia no Seminário Intermunicipal Camboriú e Balneário de Camboriú de Mobilidade Urbana realizado no Instituto Federal Catarinense em Camboriú, realizado por esta entidade e a Associação de Ciclismo de Balneário Camboriú e Camboriú (www.acbc.com) e foco sutil da palestra (conforme nosso entendimento) do Presidente da Comissão Técnica de Bicicleta da ANTP, Arquiteto Antenor Pinheiro (Bicicleta, ética e urbanismo - um olhar sobre a crise da mobilidade - Antenor Pinheiro - ANTP , 2013).
Maravilhosamente começamos a ganhar conceitos de extremo valor, tais como o de “acalmar o centro das cidades” apresentado em detalhes pelo Arquiteto Antonio Carlos da Mattos Miranda no “1 Seminário de Tecnologia e Acessibilidade” e reafirmada no “Seminário Intermunicipal Camboriú e Balneário de Camboriú de Mobilidade Urbana”  [(Miranda, 2013), (Miranda, A mobilidade ciclística como fator de melhoria da qualidade de vida urbana e as ações e projetos para aumentá-la , 2013)].
Viver em cidades estressadas é um pesadelo com prejuízos à saúde física e mental de todos nós.
Por muitas razões a Humanidade precisa rever com urgência estratégias de vida e desenvolvimento, sob pena de até desaparecer em meio à fumaça e ferros de seus veículos e máquinas (Cascaes, Mirante da Sustentabilidade e Meio Ambiente).
Nesse contexto, além de formas de planejamento e operação das cidades precisamos rever serviços essenciais, entre eles o transporte coletivo urbano (Cascaes, O Transporte Coletivo Urbano - Visões e Tecnologia A opção pelo transporte coletivo urbano ) e a vida mais simples e direta a pé simplesmente (Cascaes, Cidade do Pedestre).
Os serviços, projetos, processos de operação e manutenção, direitos e deveres das concessionárias são fundamentais (Cascaes) à vida em geral, mais ainda nas megalópoles que se formam, verdadeiras monstrópoles quando mal gerenciadas, precisam de aprimoramentos constantes, desde critérios de utilização até o de tarifação, operação, manutenção, planejamento, financiamento, novas tecnologias e padrões. Nada pior, por exemplo, do que simplesmente raciocinar em minimizar tarifas como infelizmente acontece para viabilização de usos e costumes inadequados.  Não deve ser tarefa para pessoas isoladas ou de formação restrita e seus amados tribunais e conselhos profissionais julgar projetos e contratos.
Precisamos sempre lembrar que as atividades das empresas que cuidam de serviços e produtos essenciais estão sujeitas a leis e decretos que o povo estabelece, pelo menos teoricamente, podendo, portanto, os contratos e editais de outorga de concessões serem produzidos principalmente para escaparem à frieza de grupos econômicos indiferentes à sorte de seus clientes.
O pesadelo urbano no Brasil é causado, entre outras “coisas”, pela redução dos preços dos combustíveis (demagogia?) e dos automóveis; como enfrentar essa avalanche motorizada agravada violentamente pelas motocicletas se as ruas não são elásticas e os pedestres nem sempre atletas perfeitos?
O seminário realizado no belíssimo campus do Instituto Federal Catarinense tratou dessa questão imaginando alternativas e restrições, serão suficientes?
Antes de tudo é fundamental a educação e evolução de nosso povo. Todas as técnicas possíveis e imagináveis serão ineficazes se não forem aceitas (por bem ou por mal) pelo povo.
A indigência técnica e de análise é um espanto e quem decide não mede consequências.
Um exemplo que merece reflexões é o das “lombadas eletrônicas”. Graças a usos inadequados os contratos em Curitiba, exemplificando, foram suspensos e anulados. Quantas pessoas perderam a vida ou ficaram com sequelas graves de acidentes por efeito da ausência de vigilância? Que padrões de serviços teremos se a lógica dominante for a de atribuir contratos a empresas que oferecerem os serviços e produtos de menor custo, ainda que aleguem respeitar contratos? Quem e que empresas de auditorias técnicas estarão preparadas para auditar serviços complexos?
Com certeza é fundamental a educação ética e a valorização de vocações em cursos e escolas, se não que profissionais teremos (Cascaes, A formação do Engenheiro e ser Engenheiro)?
Vivemos num ambiente de alienação e confusão na área de Engenharia, principalmente, diante da valorização excessiva de diplomas e do esquecimento da qualidade real do trabalho de bons profissionais e empresas. O fundamental é pagar e respeitar carimbos.
A precariedade das fiscalizações e a infinidade de selos holográficos com assinaturas extravagantes dando a ilusão de qualidade assustam... A corrupção caminha sem dificuldades nesses ambientes. Quanto maior a burocracia, mais fácil encontrar quem aceite ganhar pelas facilidades. Os escândalos recentes, os grandes, demonstram inequivocamente que algo está errado em nossa organização institucional e educacional.
Estamos numa época de escravização de profissionais, robotização e tentativa de alienação cultural. Fruto da pior espécie de política e formas de gerenciamento pagamos caro por essa estratégia equivocada de controle. Em países com tremenda vocação legiferante [ (ALESSANDRA DUARTE, 2011), (Azevedo, 2011), (Cascaes, As leis que estimulam o respeito aos ODM seriam para inglês ver? Acessibilidade é utopia? Inclusão no Brasil existe?l), (Rodrigues, 2002)] não existe limite para mais e mais degraus caríssimos para quem quer trabalhar honestamente. No Brasil impera a odiosa frase: o Governo paga (esquecendo que o dinheiro é do contribuinte e/ou do usuário).
O pior cenário é reservado para quem quer empreender, trabalhar.
Os assalariados, por sua vez, devem receber salários ridículos (exceto em poderes soberanos e no futebol) na prensa da competição.  Sentimos que o exercício de determinadas profissões se degrada com alto risco para a população em geral.
Os beneficiários da anarquia técnica aplaudem o ambiente nacional (vide área energética e de telecomunicações), propício a toda espécie de golpes, desde que bem elaborados.
O mais notável na estratégia da corrupção é a obediência radical ao formalismo de processos e procedimentos, mesmo sabendo que assim fazendo estarão prejudicando seus clientes e o povo em geral. Nos tribunais nacionais a jurisprudência e a habilidade de boas bancas de advogados liberam criminosos de qualquer espécie, desde que suficientemente ricos e poderosos, algo facilitado a empresas que souberam carimbar seus processos.
Na pátria do compadrismo e da corrupção, de lógicas tribais, levar vantagem em tudo parece ser a regra.
O pesadelo é imenso, pois somos habitantes de um território tropical em sua maior parte e quando há indícios fortes de elevação de temperatura global, ou seja, sujeitos a fenômenos meteorológicos violentos e piores do que os registrados nas últimas décadas (os fenômenos da Natureza são, de modo geral, cíclicos), devemos pensar seriamente na sobrevivência de todos, principalmente daqueles que não podem fugir para lugares seguros.
Nessa imensa máquina térmica as lógicas de planejamento, construção, operação e segurança merecem muita inteligência e visão holística de nossas ciências ocultas, discretas, protegidas, públicas, acadêmicas, formais, religiosas, ideológicas, caseiras, mundanas etc.
Todo o conhecimento humano não é muito para os próximos desafios. Neste cenário temos vícios comportamentais perigosos.
O corporativismo é um pesadelo e a comercialização radical do conhecimento humano algo temerário quando, como é o caso agora e sempre, precisamos de tudo para sobreviver.
Aos poucos os cientistas modernos, graças a processos de análise mais sinceros, percebem que no passado tivemos tremendas catástrofes com uma frequência muito maior do que imaginávamos. Na realidade qualquer aposentado com tempo e disposição para acompanhar reportagens científicas recentes deve sentir que o que os livros de papel (Cascaes, Ensino e literatura século 21) trazem é sempre um conjunto superado de conhecimentos. Maravilhosamente o conhecimento humano dispara sem pit-stop e a Tecnologia viabiliza processos de investigação infinitamente mais precisos do que tínhamos há poucas décadas.
A dúvida maior é em relação ao comportamento humano. Será ideológico, selvagem, que tipo de ética surgirá no século 21? Será dominante? Por enquanto as teocracias metafísicas, políticas, primárias, enfim, dão indicativos de virem a imperar. A ética melhor a favor da Humanidade, qual será (Cascaes, Livros e Filmes Especiais)?
E o Seminário Intermunicipal Camboriú e Balneário de Camboriú de Mobilidade Urbana?
Nele revimos análises que nos preocupam. As cidades têm limites. Os políticos, reféns de maiorias atuantes e poderosas decidem sem noção precisa de quanto erram. Nosso povo desconhece problemas, até de vizinhança com polos violentos de degradação ambiental, como parece ser o caso de Camboriú, a jusante de plantações de arroz, onde os agrotóxicos são usados em águas que depois vão para o pequeno rio que passa pela cidade. No Paraná tivemos o caso da poluição por resíduos de minério de chumbo em Adrianópolis, um bom exemplo dos cuidados e prevenção de tragédias silenciosas. Aliás, os rios paranaenses merecem estudos e maior transparência ao que se descobre em suas águas...
Águas ruins, cidades piores. O que assusta, contudo, é a aceitação tácita de carnificina em nossas ruas e estradas, até quando?
A palestra (Bicicleta, ética e urbanismo - um olhar sobre a crise da mobilidade - Antenor Pinheiro - ANTP , 2013) assim como todas as outras no Seminário Intermunicipal Camboriú e os artigos contidos no livro (Brasil Não Morizado, 2013) dão uma excelente visão do estado da arte em ciclomobilidade e urbanismo.
Na análise do “Seminário Intermunicipal Camboriú e Balneário de Camboriú de Mobilidade Urbana” que acompanhamos o que nos surpreendeu, entretanto, foi a omissão do pesadelo de idosos e pessoas com deficiência que precisam conviver com ciclistas e outros em ruas e calçadas. O destaque foi saber de viva voz o que o Instituto Federal Catarinense mantém a favor das pessoas com deficiência visual ou cegas: o treinamento de instrutores para utilização de “cães guia” (Cascaes, A pessoa com Deficiência Visual ). Valeu!
Esperamos que no dia 3 de dezembro as associações e políticos engajados na defesa das pessoas com deficiência promovam seminários, experiências e manifestações a favor da inclusão universal e do respeito a seus direitos (Cascaes, Direitos das Pessoas com Deficiência).
Cascaes
11.11.2013

ALESSANDRA DUARTE, C. O. (18 de 6 de 2011). Brasil faz 18 leis por dia, e a maioria vai para o lixo. Fonte: O GLOBO Política: http://oglobo.globo.com/politica/brasil-faz-18-leis-por-dia-a-maioria-vai-para-lixo-2873389
André G. Soares, R. R. (2013). Brasil Não Morizado. Curitiba: LaBemol.
Azevedo, R. (25 de 9 de 2011). Atenção, leitores! Eles criam 1.150 leis por dia para infernizar a nossa vida e nos tornar mais improdutivos menos felizes, mais pobres e menos inteligentes . Fonte: Veja - Blogs e Colunistas: http://veja.abril.com.br/blog/reinaldo/geral/atencao-leitores-eles-criam-1150-leis-por-dia-para-infernizar-a-nossa-vida-e-nos-tornar-mais-improdutivos-menos-felizes-mais-pobres-e-menos-inteligentes/
Cascaes, J. C. (s.d.). Fonte: Serviços Essenciais: http://servicos-essenciais.blogspot.com.br/
Cascaes, J. C. (s.d.). Fonte: Reurbanização Inclusiva: http://reurbanizacao-inclusiva.blogspot.com.br/
Cascaes, J. C. (s.d.). Fonte: Brasil 2050: http://brasil-2050.blogspot.com/
Cascaes, J. C. (s.d.). Fonte: A formação do Engenheiro e ser Engenheiro: http://aprender-e-ser-engenheiro.blogspot.com.br/
Cascaes, J. C. (s.d.). Fonte: Direitos das Pessoas com Deficiência: http://direitodaspessoasdeficientes.blogspot.com.br/
Cascaes, J. C. (s.d.). Fonte: A pessoa com Deficiência Visual : http://deficiente-visual-vida-e-luta.blogspot.com/
Cascaes, J. C. (s.d.). Fonte: O Transporte Coletivo Urbano - Visões e Tecnologia A opção pelo transporte coletivo urbano : http://otransportecoletivourbano.blogspot.com.br/
Cascaes, J. C. (s.d.). Fonte: Cidade do Pedestre: http://cidadedopedestre.blogspot.com.br/
Cascaes, J. C. (s.d.). Fonte: Lugares Preciosos: http://lugares-preciosos.blogspot.com.br
Cascaes, J. C. (s.d.). Fonte: Mirante da Sustentabilidade e Meio Ambiente: http://mirantedefesacivil.blogspot.com.br/
Cascaes, J. C. (s.d.). Fonte: Ensino e literatura século 21: http://ensino-e-literatura.blogspot.com/
Cascaes, J. C. (s.d.). Fonte: Livros e Filmes Especiais: http://livros-e-filmes-especiais.blogspot.com.br/
Cascaes, J. C. (s.d.). As leis que estimulam o respeito aos ODM seriam para inglês ver? Acessibilidade é utopia? Inclusão no Brasil existe?l. Fonte: Ações ODM em Curitiba e RMC Registrar atividades relativas aos Objetivos do Milênio na cidade de Curitiba e s: http://odmcuritiba.blogspot.com.br/2013/06/as-leis-que-estimulam-o-respeito-aos.html
Cascaes, J. C. (s.d.). Fotografias em Cartagenas de las Indias, Bogotá e Zipaquira . Fonte: Lugares Preciosos: http://lugares-preciosos.blogspot.com.br/2010/10/fotografias-em-cartagenas-de-las-indias.html
Miranda, A. (7 de 11 de 2013). A mobilidade ciclística como fator de melhoria da qualidade de vida urbana e as ações e projetos para aumentá-la . Fonte: Bike Way by the World : http://worldbikeway.blogspot.com.br/2013/11/blog-post.html
Miranda, A. (16 de 10 de 2013). Inovação para a Ciclomobilidade . Fonte: Educação e Tecnologia Assistiva - Inovação e Dignidade - Autonomia : http://ta-inovacao-dignidade-autonomia.blogspot.com.br/2013/10/inovacao-para-ciclomobilidade.html
Pinheiro, A. (8 de 11 de 2013). Bicicleta, ética e urbanismo - um olhar sobre a crise da mobilidade - Antenor Pinheiro - ANTP . Fonte: Bike Way by the World: http://worldbikeway.blogspot.com.br/2013/11/bicicleta-etica-e-urbanismo-um-olhar.html
Rodrigues, J. G. (10 de 2002). A inutilidade das leis (em demasia). Fonte: JUS navegandi: http://jus.com.br/revista/texto/3477/a-inutilidade-das-leis-em-demasia