terça-feira, 19 de maio de 2015

Um Lava Jato nas áreas técnicas - pelo amor de Deus

Qualidade de serviços e produtos, um pesadelo brasileiro?
Dizem que os países exportadores toleram leviandades em função da qualidade ética e rigor dos importadores. Assim teriam equipamentos, peças e projetos selecionados para os lugares onde padrões comportamentais e o risco de perder clientes pesaria mais em suas exportações, enquanto para outros seria um “vale tudo” considerando imagens que ultrapassassem as fronteiras dos clientes e o custo nem sempre baixo, pois em muitos lugares admite-se inúmeros intermediários, eventualmente desonestos.
Nos países mais tolerantes descobrimos que a estratégia dos exportadores vale para o mercado interno, autóctone, dentro de suas fronteiras.
Em lugares que apreciam as aparências, por exemplo, podem existir normas, regulamentos, portarias etc., mas geralmente contornáveis.
O mais impressionante é a tolerância até com os lugares onde seus habitantes decidem morar. Da parte externa às suas gaiolas e jaulas e até dentro de apartamentos, casas, casinhas, escritórios, ambientes de trabalho e muito mais podemos ver facilmente o desprezo pela qualidade, apesar da mídia, normalmente focada em desenhos até de arquitetos e designers famosos. Pior ainda é sentir o desprezo pela vida do cidadão “cliente”, usuário, pessoa com deficiência(s), idosa e gente ignorante, alvo fácil de excelentes vendedores de sonhos e fantasias.
As entidades corporativas se limitam a detalhes básicos à sobrevivência dos profissionais, não decolando do nível que pretendem e sempre querendo mais; negociam tudo, principalmente a qualidade de suas atividades, pois isso exigiria sinceridade e respeito ao povo.
Talvez o ideal seja extinguir tudo e substituir todos que falam em nome das corporações pelo equivalente à nossa Polícia Federal, GAECOs, Poder Judiciário e Ministérios Públicos, simplificando uma estrutura (onde existe) que só onera o cidadão sem os resultados esperados. Normas técnicas e legislação? No mundo existem normas internacionais e leis de países mais desenvolvidos que poderiam simplesmente serem traduzidas. O essencial seria a existência de laboratórios de credibilidade em países mais sérios para a certificação, auditorias e diagnósticos sujeitos a punições exemplares e temidas pelos auditores. Certos “relaxamentos” justificariam Tribunais Internacionais.
Felizmente no Brasil a mídia comercial descobriu o jornalismo investigativo ao vivo e a cores e muitos noticiários gradativamente criam sentimento de revolta, talvez de discussão entre pessoas comuns longe das corporações e partidos políticos.
Note-se que a famosa “Academia” não é exemplo de presença qualificadora. Nossas universidades gozam de privilégios que eram mais do que necessários nos tempos das trevas filosóficas, mas se mostram instrumentos de caprichos corporativos ruins.
Vivemos (pensando na segurança e qualidade de vida) entre a cruz e a espada. A novidade nacional é a postura de alguns grupos de magistrados e seus apoiadores que produzem processos devidamente apoiados pela mídia e redes sociais, blogs, e-mails, arquivos portáteis digitais, PCs e até celulares.
O Lava Jato, processo exemplar em andamento, precisa de similares nas áreas técnicas para sabermos a origem de tantos descalabros notáveis em tudo o que usamos, compramos e somos vítimas.
Infelizmente carecemos de lideranças nacionais intocáveis e respeitáveis para o resgate da boa Engenharia, isso sem falar de outras profissões, ficando apenas naquela que é minha especialidade.

Cascaes

19.5.2015